Neste ensaio estaremos refletindo as ações das políticas públicas em relação à educação, analisando o primeiro capitulo do livro “Educação e Sociologia” de Emile Durkheim, intitulado “Educação, Sua Natureza e Função”. Ao pensar essas perspectivas, conseguimos analisar quais são os parâmetros que a sociedade deve aprimorar quando se trata de educação. A desmistificação da negativação do papel da política, por exemplo, seria um primeiro passo nessa transformação, para que esta colabore para a ampliação do campo educacional nas escolas, partindo da percepção do público e do objetivo geral da educação. Dessa forma, pretendemos aqui perspectivar, a partir dessas questões, um breve ensaio sobre a construção política da educação no Brasil.
Primeiramente, ao analisar o que é política, Marilena Chauí discute que essa é uma das complexidades que surgem a partir das relações sociais, ou seja, está seria “resultado das mudanças nas formas e no conteúdo do poder” (CHAUÍ, Marilena, 2000, P. 479). Sendo assim, o que temos hoje é uma visão negativa do que seria a política e do que trataria essa transformação. Política trata de reivindicações e possibilidades de melhorias que buscamos em nossa sociedade. Ao pensarmos nas questões educacionais que envolvem esse conceito, também devemos analisar o que é a educação.
Considerando essas questões, devemos elucidar então qual a natureza de ambas as questões, afinal, qual o propósito que temos para a nossa perspectiva educacional? Seria doutrinar e criar seres sociais apenas para se adaptarem ao meio? Ou como educadores, nossa função primordial seria desenvolver neles o senso crítico necessário para questionarem as irregularidades e não se conformarem com o sistema? Esse dualismo, talvez, seja a questão central do propósito inicial da educação e sua finalidade. O problema está que o Estado e a escola não dialogam de forma correta, ou até, nem ocorre esse dialogo, onde no Brasil, desenvolveu-se uma formação onde as ideias são impostas e prontamente aceitas sem questionamentos. Infelizmente, os propósitos não andam de mãos dadas, o que, no fim das contas, colabora para termos a visão negativa do processo político.
Dessa forma, Emile Durkheim colabora para que se pense essa perspectiva, pois, se não temos clareza da sua função, suas políticas e melhorias terão pouca efetividade, resultando em um ensino sucateado, desmotivador (professores e alunos desmotivados) e extremamente burocrático. Se modificarmos nossa percepção sobre a escola, teremos uma melhor visão sobre o que queremos da nossa sociedade.
Após entender qual o propósito, pensamos para quem é direcionada essa educação. Durkheim indaga essa questão: Seria essa educação para todos? Na teoria sim, mas, na prática não é o que acontece. Temos uma escola que privilegia maneiras homogêneas de fazer educação, onde se esquece das individualidades de cada um, ignora seu local de origem, não o fazendo refletir de modo adequado o porquê eles aprendem o que aprendem. O próprio sociólogo cita a ideia de que criamos seres para sociedade, e não como queremos, ou seja, se perde o controle. Mas seria mesmo esse controle o nosso objetivo?
A Escola forma hoje para a vida, ou seja, baseia-se no controle e na repressão dos indivíduos, onde o alto teor burocrático de suas relações faz com que suas reflexões sejam esquecidas e que sejam criadas pessoas adaptáveis, que acabam por deixar-se levar até sua morte pelas convenções sociais. Dessa forma, teremos uma sociedade baseada no consumo e na aquisição, que considera culpado o indivíduo que não se esforça, não entendendo que somos reféns de uma constante exploração econômica e social.
Durkheim coloca que temos uma “consciência moral”, mas que a educação não carrega essa igualdade e moralidade. Temos um currículo escolar que é homogêneo e não pensa nas reflexões sociais dos indivíduos, nas suas peculiaridades do local onde vivem. A problemática desse currículo faz com que a educação tenha caráter seletivo e continue a separar indivíduos pelas oportunidades oferecidas devido as suas condições sociais, aumentando dessa forma, a desigualdade econômica. Não é porque temos uma sociedade baseada no mundo do trabalho que não devemos fazer nossos alunos refletir as diversas questões que surgem dessa relação, mas, admite-se que esse caráter de instrumentalizar de forma adequada os indivíduos é extremamente perigoso para as classes mais dominantes.
Quando Durkheim trata da questão da moralidade dos indivíduos, pensando na função social da educação, podemos associar com as perspectivas do desenvolvimento do termo “política”. O autor aponta que as relações de moralidade surgem a partir das suas vivências em grupo (DURKHEIM, 1955, P. 32), pontuando que a educação busca constituir o ser social. O sociólogo ainda cita que a educação não molda nossos conhecimentos naturais, mas sim, conhecimentos necessários para nossa vida em sociedade. Quanto mais se aprofundam as relações sociais e suas complexidades, o aprendizado se faz cada vez mais necessário (DURKHEIM, 1955, P. 34). Quando se analisa essas perspectivas, temos que analisar, portanto o que falta para fazer esse caminho necessário.
Com o advento das tecnologias de informação do século XXI, temos uma transformação até na forma como os professores estão em sala de aula. Hoje, se compreende que o aluno traz uma bagagem cultural e social para a escola, e está deve ser trabalhada para o indivíduo que não só ensina, mas que faz com que o aluno reflita o conteúdo, isso sendo a mais importante parte do processo. Quando o aluno é convidado a refletir, a sociedade e o meio em que vive de forma constante, aprimorando sua percepção e sua forma de enxergar as coisas. Isso pode ser algo perigoso para o educador, que deve estar preparado para essa situação, mas que não pode fugir, sendo sujeito responsável por criar seres críticos para a sociedade.
Para que essa reflexão ocorra, as políticas públicas da sociedade devem apresentar condições para que isso seja feito. A formação continuada de professores, constante e de qualidade, tem um papel fundamental nesse processo. Educadores melhores preparados trazem indivíduos mais reflexivos e atraídos por um ensino que os privilegia como sujeitos históricos do aprendizado. Outra questão que envolve de forma central os professores é a redução de carga horária. Essa redução traria aulas de melhor qualidade, com professores motivados, que se preocupassem efetivamente com a qualidade de suas aulas e do que eles ensinam.
Contudo, o professor não é inocente nesse processo. Se as modificações devem ocorrer, nós como educadores devemos pensar em buscar a transformação na forma como está hoje, para que esteja melhor no futuro, do contrário, como instigaremos nossos alunos em locais onde eles nem querem estar com educadores que apenas os desanimam? Portanto devemos estar cientes que nosso papel na sociedade é importante, e que se nos mostrarmos ativos mesmo em um ambiente desmotivador, podemos enfrentar e quebrar o processo de desanimo que temos em nossa sociedade atualmente.
Entretanto, somos reféns dos currículos estagnados e aos processos burocráticos. Cabe a nós professores, como bem define ao fim do capitulo analisado do livro de Emile Durkheim, o “sacerdócio”. A questão da missão educacional refere-se à ideia da educação como meio de preparar para a vida, contudo, enfrentamos problemas constantes sobre as relações sociais, e temos inúmeras adversidades na vida educacional. Precisa-se urgentemente de reformas educacionais de caráter estrutural, mas que atribuam valores igualitários entre as disciplinas, e se explique a importância de cada uma ao aluno, afinal, ele vai para escola e muitas vezes nem entende o por que. Devemos pensar a sociedade, questionar a forma que temos hoje, e a esse caráter a educação faz parte.
Primeiramente, ao analisar o que é política, Marilena Chauí discute que essa é uma das complexidades que surgem a partir das relações sociais, ou seja, está seria “resultado das mudanças nas formas e no conteúdo do poder” (CHAUÍ, Marilena, 2000, P. 479). Sendo assim, o que temos hoje é uma visão negativa do que seria a política e do que trataria essa transformação. Política trata de reivindicações e possibilidades de melhorias que buscamos em nossa sociedade. Ao pensarmos nas questões educacionais que envolvem esse conceito, também devemos analisar o que é a educação.
Considerando essas questões, devemos elucidar então qual a natureza de ambas as questões, afinal, qual o propósito que temos para a nossa perspectiva educacional? Seria doutrinar e criar seres sociais apenas para se adaptarem ao meio? Ou como educadores, nossa função primordial seria desenvolver neles o senso crítico necessário para questionarem as irregularidades e não se conformarem com o sistema? Esse dualismo, talvez, seja a questão central do propósito inicial da educação e sua finalidade. O problema está que o Estado e a escola não dialogam de forma correta, ou até, nem ocorre esse dialogo, onde no Brasil, desenvolveu-se uma formação onde as ideias são impostas e prontamente aceitas sem questionamentos. Infelizmente, os propósitos não andam de mãos dadas, o que, no fim das contas, colabora para termos a visão negativa do processo político.
Dessa forma, Emile Durkheim colabora para que se pense essa perspectiva, pois, se não temos clareza da sua função, suas políticas e melhorias terão pouca efetividade, resultando em um ensino sucateado, desmotivador (professores e alunos desmotivados) e extremamente burocrático. Se modificarmos nossa percepção sobre a escola, teremos uma melhor visão sobre o que queremos da nossa sociedade.
Após entender qual o propósito, pensamos para quem é direcionada essa educação. Durkheim indaga essa questão: Seria essa educação para todos? Na teoria sim, mas, na prática não é o que acontece. Temos uma escola que privilegia maneiras homogêneas de fazer educação, onde se esquece das individualidades de cada um, ignora seu local de origem, não o fazendo refletir de modo adequado o porquê eles aprendem o que aprendem. O próprio sociólogo cita a ideia de que criamos seres para sociedade, e não como queremos, ou seja, se perde o controle. Mas seria mesmo esse controle o nosso objetivo?
A Escola forma hoje para a vida, ou seja, baseia-se no controle e na repressão dos indivíduos, onde o alto teor burocrático de suas relações faz com que suas reflexões sejam esquecidas e que sejam criadas pessoas adaptáveis, que acabam por deixar-se levar até sua morte pelas convenções sociais. Dessa forma, teremos uma sociedade baseada no consumo e na aquisição, que considera culpado o indivíduo que não se esforça, não entendendo que somos reféns de uma constante exploração econômica e social.
Durkheim coloca que temos uma “consciência moral”, mas que a educação não carrega essa igualdade e moralidade. Temos um currículo escolar que é homogêneo e não pensa nas reflexões sociais dos indivíduos, nas suas peculiaridades do local onde vivem. A problemática desse currículo faz com que a educação tenha caráter seletivo e continue a separar indivíduos pelas oportunidades oferecidas devido as suas condições sociais, aumentando dessa forma, a desigualdade econômica. Não é porque temos uma sociedade baseada no mundo do trabalho que não devemos fazer nossos alunos refletir as diversas questões que surgem dessa relação, mas, admite-se que esse caráter de instrumentalizar de forma adequada os indivíduos é extremamente perigoso para as classes mais dominantes.
Quando Durkheim trata da questão da moralidade dos indivíduos, pensando na função social da educação, podemos associar com as perspectivas do desenvolvimento do termo “política”. O autor aponta que as relações de moralidade surgem a partir das suas vivências em grupo (DURKHEIM, 1955, P. 32), pontuando que a educação busca constituir o ser social. O sociólogo ainda cita que a educação não molda nossos conhecimentos naturais, mas sim, conhecimentos necessários para nossa vida em sociedade. Quanto mais se aprofundam as relações sociais e suas complexidades, o aprendizado se faz cada vez mais necessário (DURKHEIM, 1955, P. 34). Quando se analisa essas perspectivas, temos que analisar, portanto o que falta para fazer esse caminho necessário.
Com o advento das tecnologias de informação do século XXI, temos uma transformação até na forma como os professores estão em sala de aula. Hoje, se compreende que o aluno traz uma bagagem cultural e social para a escola, e está deve ser trabalhada para o indivíduo que não só ensina, mas que faz com que o aluno reflita o conteúdo, isso sendo a mais importante parte do processo. Quando o aluno é convidado a refletir, a sociedade e o meio em que vive de forma constante, aprimorando sua percepção e sua forma de enxergar as coisas. Isso pode ser algo perigoso para o educador, que deve estar preparado para essa situação, mas que não pode fugir, sendo sujeito responsável por criar seres críticos para a sociedade.
Para que essa reflexão ocorra, as políticas públicas da sociedade devem apresentar condições para que isso seja feito. A formação continuada de professores, constante e de qualidade, tem um papel fundamental nesse processo. Educadores melhores preparados trazem indivíduos mais reflexivos e atraídos por um ensino que os privilegia como sujeitos históricos do aprendizado. Outra questão que envolve de forma central os professores é a redução de carga horária. Essa redução traria aulas de melhor qualidade, com professores motivados, que se preocupassem efetivamente com a qualidade de suas aulas e do que eles ensinam.
Contudo, o professor não é inocente nesse processo. Se as modificações devem ocorrer, nós como educadores devemos pensar em buscar a transformação na forma como está hoje, para que esteja melhor no futuro, do contrário, como instigaremos nossos alunos em locais onde eles nem querem estar com educadores que apenas os desanimam? Portanto devemos estar cientes que nosso papel na sociedade é importante, e que se nos mostrarmos ativos mesmo em um ambiente desmotivador, podemos enfrentar e quebrar o processo de desanimo que temos em nossa sociedade atualmente.
Entretanto, somos reféns dos currículos estagnados e aos processos burocráticos. Cabe a nós professores, como bem define ao fim do capitulo analisado do livro de Emile Durkheim, o “sacerdócio”. A questão da missão educacional refere-se à ideia da educação como meio de preparar para a vida, contudo, enfrentamos problemas constantes sobre as relações sociais, e temos inúmeras adversidades na vida educacional. Precisa-se urgentemente de reformas educacionais de caráter estrutural, mas que atribuam valores igualitários entre as disciplinas, e se explique a importância de cada uma ao aluno, afinal, ele vai para escola e muitas vezes nem entende o por que. Devemos pensar a sociedade, questionar a forma que temos hoje, e a esse caráter a educação faz parte.
Quando entendemos as reformas políticas educacionais, percebemos um desdém da sua real importância, se limitando, a saber, “O que você vai ser quando crescer”. Quando pensamos em um currículo que privilegie as políticas públicas, o ensino e o desenvolvimento de uma sociedade devem ir além disso, para que as próximas gerações nos superem, que reflitam as questões sociais e não achem que tudo está como está, e não terá como mudar. Dessa maneira, teremos uma sociedade desvalorizada, desmotivada, baseada no consumo, que se esquece do conhecimento, que confunde as noções de liberdade e autoridade, porque, de toda forma, é muito mais fácil reprimir o indivíduo do que lhe ensinar o que é liberdade.
PARA SABER MAIS:
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A Educação, Sua Natureza e Função In: DURKHEIM, Émile. Educação e sociologia, trad. Lourenço Filho, 4ª ed. Edições Melhoramentos, São Paulo, 1955. P. 25 a P. 44. A vida política In: CHAUÍ, Marilena. Convite a Filosofia, Editora Ática, São Paulo, 2000. P. 474 a P. 489.
PEIXER, Arthur Luiz. Ensaio Sobre as Políticas Públicas Para a Educação: Uma Reflexão de Emilé Durkheim e a Sociologia. In: Blog EnsinArthur. Disponível em: http://ensinarthur.blogspot.com/2020/07/ensaio-sobre-as-politicas-publicas-para.html . Publicado em: 17 de julho de 2020. Acesso: [informar a data].
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